sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Memórias de uma professora




                                                       https://renovadoresudf.wordpress.com/tag/professor-em/


             Este texto retrata as minhas experiências como professora da rede pública estadual no Rio de Janeiro. Este ano tem sido um dos mais difíceis para os professores da rede estadual. É notória a desvalorização do professor na sociedade, sobretudo do professor da rede pública de ensino. Esse 'bullying' contra o professor fica nítido quando alguém nos pergunta sobre a nossa profissão. Percebemos o descaso verbalizado ou através da linguagem corporal do nosso interlocutor. Muitas vezes me disseram que meu trabalho é coisa de preguiçoso porque trabalho pouco, tenho duas férias no ano e etc. Percebemos que esses discursos carregados de ideologias contrárias à educação pública tem como alvo principal o professor. Poucos culpam a indiferença do poder público no trato com a educação, quando apenas uma pequena parcela das verbas federal,estadual e municipal são destinadas à educação. Cumprem apenas o mínimo previsto por lei e este mínimo ainda passa pelo funil da corrupção. Como resultado temos as escolas que apesar de terem autonomia para gerir os recursos financeiros, não recebem o suficiente para cumprir com todas as obrigações que lhe são impostas. A escola fica sobrecarregada. Todos trabalhamos sob pressão,porque apesar de não ter recursos a escola precisa cumprir as exigências do sistema para recebermos uma gratificação financeira no final. Percebemos que o governo está preocupado com números,não com as pessoas e com o fazer educativo.A valorização do profissional da educação fica associada a uma 'gorgeta' que ele recebe no final do ano. Todos esses problemas tornou a maioria das escolas um lugar triste,como diz Paulo Freire, quando a educação não dialógica,ela fica necrófila. É assim que tem se tornado as escolas.
           Nesse cenário o professor luta com a única arma que tem:a greve. É a voz do professor contra o atraso de pagamentos, contra as condições precárias de trabalho que estamos submetidos, contra as discriminações que sofremos dentro e fora das escolas. Analisando as postagens dos colegas sobre o bullying e a Síndrome de bornout e o assédio moral nas escolas, percebi que esses problemas estão presente na minha vida como professora. Sobretudo a Sindrome de burnout. Através do blog consegui me autodiagnosticar. Tenho sofrido muitos problemas de saúde oriundas do estresse que me acompanha nessa profissão. Gostaria de agradecer à iniciativa da coordenação do curso por tratar desse assunto. Percebi que não é um problema exclusivo meu. É uma doença que tem acompanhado os profissionais da educação devido à sobrecarga que somos expostos diariamente.Se o professor está doente o fazer educativo fica comprometido. De docente passou-se a 'dor sente'. Como a escola é uma extensão da sociedade, ela reflete os problemas de violência que tem aumentado cada dia mais em todas as esferas sociais. Ser professor nos dias atuais é profissão de risco. Risco que contempla desafios constantes contra um sistema que reforça as ideologias hegemônicas e desvaloriza a educação para a vida de forma velada,prevalecendo a educação para o capitalismo,onde são fomentadas atitudes discriminatórias contra todos que são diferentes do modelo europeizado. A voz do professor ecoa como apenas uma contra a voz ' microfonada' do sistema. Mas a luta continua.Como diz Paulo Freire:

" Quem,melhor que os oprimidos, se encontrará preparado para entender o significado terrível de uma sociedade opressora? Quem sentirá, melhor que eles, os efeitos da opressão? Quem, mais que eles, para ir compreendendo a necessidade da libertação?"
          
Bibliografia:
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido/Paulo Frreire.-50.ed ver. E atual.- Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.

Texto original relatando as experiências da professora e aluna Andréa Gomes Ferreira Ribeiro

Alunas:
Andréa Gomes Ferreira Ribeiro, matrícula 11212080466,
 Geise Carla de Souza Teixeira, matrícula 15112080487 
 Vania Aparecida da Camara Morales Vieira, matrícula 14112080449

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