domingo, 9 de outubro de 2016

Síndrome de Burnout

A reportagem a seguir fala do cotidiano de pessoas que saíram das salas de aula para se tratarem de doenças adquiridas devido ao excesso de trabalho e situações de extrema tensão emocional. Tais impedimentos ao trabalho está diretamente ligada ao que conhecemos como Síndrome de Burnnout.

10/10/2012 12h54 - Atualizado em 10/10/2012 16h12

40% dos professores afastados por saúde têm depressão, aponta estudo

Pesquisa foi feita pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de SP.
Problema é agravado pelo excesso de trabalho e pela falta de respeito.


Uma pesquisa do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) revela que 40% dos professores afastados por problemas de saúde, quatro tiveram algum tipo de transtorno psiquiátrico. Os diagnósticos mais comuns foram ansiedade e depressão. O problema é agravado, segundo os docentes, pelo excesso de trabalho e pela falta de respeito na sala de aula.
Passar as tarefas, tirar dúvidas e ainda pôr ordem na sala. O desafio é diário e a saúde pode não resistir. Mas de acordo com o estudo, os problemas nas cordas vocais e as dores musculares deram espaço ao desânimo, aos pensamentos perturbadores e às mãos trêmulas.
A vida da professora Elaine Cristina Molina Gil mudou há três anos, depois que ela entrou em depressão. São oito remédios por dia, alguns com tarja preta. Elaine deu aula em escolas públicas por 22 anos, mas não resistiu à pressão.
Ela já tirou 12 licenças médicas e há quase um ano está afastada do trabalho. Elaine lembra que era difícil a relação com os alunos. “O pouco interesse, a bagunça, a conversa, o desrespeito. E quando você chama o pai ele diz que não pode fazer nada. Eu comecei a sentir uma angústia e me perguntei o que estou fazendo aqui?”, desabafou.
Elaine Cristina Gil já tirou12 licenças médicas (Foto: Reprodução/ EPTV)
O estudo revelou ainda que 59% dos educadores com depressão não têm acompanhamento médico regular. Para o diretor da Apeoesp em Araraquara (SP), o excesso de trabalho é um dos vilões. “A maioria dos professores tem dupla ou tripla jornada de trabalho, muitas vezes ultrapassando 11 horas de trabalho com aluno e isso certamente não é recomendável”, afirmou Ariolvaldo de Camargo.
Ele diz que as condições de trabalho também prejudicam a saúde do docente. “A pressão que o professor sofre no dia a dia dentro da sala de aula é muito grande. As nossas escolas mais parecem verdadeiros presídios, porque estão todas cheias de grades e telas, e esse evidentemente não é um ambiente adequado para que se possa desenvolver um processo de ensino-aprendizagem”, analisou Camargo.
Por mês, psiquiatra atende, em média, três professores da rede estadual (Foto: Reprodução/ EPTV)Por mês, psiquiatra atende três professores da
rede estadual (Foto: Reprodução/ EPTV)
Consultório
Por mês, o psiquiatra Marcos Nogueira, atende, em média, três professores da rede estadual. E os relatos são muito parecidos. “A falta de respeito, a falta de educação e violência por parte dos alunos”, comentou Nogueira.
Os sintomas revelam o quadro vivido nas salas de aula. “Sintomas de depressão, por exemplo, palpitação, mão gelada, falta de ar. A pessoa começa a perder o ânimo de fazer as coisas, ela tem uma tristeza muito grande, deixa de fazer aquilo que ela mais gostava, ir ao cinema, passear, ela não consegue mais”, explicou o médico.
O psiquiatra conta que na maior parte dos casos, os docentes precisam ser afastados. E muitos têm dificuldade em retornar à sala de aula. “Se El não fizer direito o tratamento e não fizer uma terapia de apoio para suportar a situação, recai na doença”, reforçou Nogueira.
Estado
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informou, por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa, que o programa "Educação com saúde", criado para oferecer assistência médica preventiva aos servidores da educação e suporte para os que já apresentam problemas de saúde, está sendo expandido para o interior do Estado. O texto ressalta, ainda, que o corpo docente vai aumentar: 10,8 mil devem entrar na rede no ano que vem.
Origem da reportagem:
Por : Márcia R. S. Batista, Luane Cerqueira Reis dos Santos e Marco Aurélio Almeida

3 comentários:

  1. Vejo este tipo de problema, não só com os professores atuantes a bastante tempo na rede de ensino, mas também com os jovens recém formados e lançados em salas de aula super lotadas, com o mínimo de auxilio ou auxilio nenhum para o processo de inserção ao trabalho. Os estágios na faculdade não preparam o professor para esta árdua realidade, em que os governantes fazem vista grossa e pouco se interessam em sanar os problemas. Muitos desistem da profissão antes mesmo de começar. (postado por: Márcia R.S.Batista)

    ResponderExcluir
  2. Eu Andréa Gomes, descobri o meu diagnóstico lendo essa postagem. Sou professora da rede estadual e esse ano tive apresentei esse quadro depressivo seguido de outros problemas. Percebi que esse é um problema que acompanha a profissão docente. Vejo como necessidade premente a inserção de projetos que priorizem o bem estar do profissional da educação. Todos esses aspectos devem ser percebidos pelo gestor da escola. Esse é mais desafio para a gestão escolar.

    ResponderExcluir