Uma informação importante tem sido deixada de lado, o que origina o Assédio Moral? Ele está diretamente ligado à questão da ética, que está em falta nos dias de hoje. A ética, ou falta dela, é a causadora de uma série de problemas sociais da atualidade: a falta de amor ao próximo, a violência generalizada, o desrespeito à vida humana.
Educação, Sociologia, Direitos Humanos, são assuntos que se interligam e que trazem uma luz maior à esse tema. O tema é amplo e não há como transpor todo o conteúdo, nosso grupo sugere que acessem o site e leiam com atenção já que o tema é importante e compete à todos os trabalhadores, e à nós como futuros formadores de opinião, ou formadores da sociedade do futuro.
"Sob diversas terminologias temos o Mobbing nos países Nórdicos, Suíça e Alemanha; o Bullying (tiranizar) na Inglaterra; Harcèlement na França; Bossing na Itália; Acoso Moral na Espanha e Itália; Harassment ou Mobbing (molestar) nos EUA; Psicoterror e Assédio Moral no Brasil e Ijime ou Murahachibu (ostracismo social) no Japão. Essas denominações guardam concordância entre aqueles que estudam e se dedicam ao assédio moral." (GALLINDO, 2009)
O assédio moral, ilícito por muitas
vezes silencioso, com conseqüências desastrosas para o vitimizado e para a
sociedade, é tão antigo quanto o próprio Homem. Encontra-se presente em todos
os grupos sociais.
O assédio moral traz como pano de
fundo uma das questões mais cruciais nos dias de hoje: a ética. Vivemos uma
crise ética que desemboca na quebra dos Direitos Fundamentais da pessoa humana,
como a lesão à dignidade.
O nosso estudo tem como objeto o
assédio moral nas instituições de ensino. Propomo-nos a refletir sobre os danos
causados pelo assédio moral e a importância de combatê-lo a fim de se assegurar
um ambiente bom ao indivíduo em desenvolvimento físico, mental, moral,
espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade conforme prescrito
no art. 3º. do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Muito se fez pela criança e pela
juventude; contudo nos parece tímida a busca da garantia pelos seus direitos.
Apresentaremos os fundamentos jurídicos através da legislação e jurisprudência
que subsidiam a busca pela reparação dos danos como conseqüência do assédio
moral.
O nosso intuito é demonstrar que a
cidadania anda de braços dados com a ética e que sem a garantia dos direitos
fundamentais não alcançaremos uma sociedade justa. Seja no âmbito da prevenção,
da compensação ou da penalidade é necessário que cada ente assuma o seu papel.
O objetivo maior dessa monografia é
contribuir para tornar o assédio moral nas instituições de ensino mais visível,
chamar a atenção para a necessidade de ser combatido, a vítima ser encorajada a
buscar a tutela do Estado. Acreditamos na prevenção e partimos do pressuposto
que é na escola que o indivíduo tem o direito de ser orientado e cuidado para
que exerça a sua cidadania de forma ampla, capaz de internalizar seus deveres e
ser detentor dos seus direitos.
É necessário buscar a justiça onde
quer que esteja. A humanidade clama por ela, pela moralidade e pela ética. A
dor da humilhação provocada pelo assédio moral, fere a dignidade do ser humano
reduzindo-o a um quase nada.
Este trabalho se realizou por
pesquisa bibliográfica em diversas áreas: do direito, da psicologia, da
psiquiatria, da pedagogia, da filosofia, da sociologia e da teologia.
Preocupamo-nos em trazer uma bibliografia atualizada. Fomos em busca de
material ainda não publicado como no caso de duas dissertações, uma de mestrado
e outra de doutorado. Teve por base a ousadia para refletir sobre uma população
não produtiva do ponto de vista econômico, os estudantes, mas que representa o
futuro da sociedade.
CAPÍTULO 1
Ao tratarmos sobre o assédio moral precisamos
ter em mente duas realidades, a cidadania e a ética que são profundamente
mobilizadas dentro desse contexto. Nesse sentido nos parece necessário deixar
claro o que entendemos por cidadania e ética e assim uniformizarmos estes dois
conceitos facilitando a compreensão do enfoque dado a este trabalho.
Segundo Maria da Glória Gohn [01], "no liberarismo, a questão da cidadania aparece associada à noção
dos direitos. Trata-se dos direitos naturais e imprescritíveis do homem e dos
direitos da nação. A Declaração dos Direitos do Homem de 1789 firma a propriedade como direito
supremo.... o proprietário era o cidadão, homem suficientemente esclarecido
para escolher seus representantes.... Só os proprietários tinham direito à
plena liberdade e à plena cidadania.... Locke justifica uma diferenciação de
direitos entre a classe trabalhadora e a burguesia porque a classe
trabalhadora, acostumada com o arado e com a enxada, usava somente as mãos e
não a cabeça, sendo incapaz de ter idéias sublimes....O século XVIII trará
mudanças nestas concepções. O racionalismo ilustrado, ao colocar toda ênfase na
razão e nomear a história como evolução do espírito e autonomia da razão,
propõe modificar a ordem social e política atuando
sobre a consciência e a instrução. O sonho de transformação, através de uma
razão ilustrada, ampliava o leque dos cidadãos, dos não-proprietários, passava
pela constituição das classes populares como cidadãos, sujeitos de direitos. O
fundamental estava numa reforma política, onde o homem se tornasse sujeito
histórico capaz de modificar a realidade. E, para tal, ele precisa ser livre e
consciente. A questão da cidadania se resumiria a uma questão educativa....
ocupando hoje lugar central na acepção coletiva de cidadania".
Carlos Aurélio Mota de Souza [02] em "Despertando a consciência
cívica para a cidadania consciente" escreve: "Professores! Que
nenhuma palavra seja proferida senão para ensinar, orientar, acalentar ideais,
suportar indecisões, superar dúvidas e angústias existenciais, tão próprias das
vicissitudes humanas!"
Observa ainda que "A
Constituição é cidadã porque deve
assegurar, garantir, proteger a dignidade da pessoa humana, valor superior do
ordenamento, assim reconhecido desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos e por todos os países democráticos."
Oscar Vilhena Vieira, [03] ressalta um princípio de
extraordinária importância, o princípio da reciprocidade. Diz que "A
constituição de um estado de direito será tremendamente favorecida naquelas sociedades em que cada
indivíduo respeite os direitos dos outros indivíduos, na expectativa de que os
outros também respeitem aqueles direitos por ele reivindicados... o respeito do
direito do outro é o alimento fundamental de uma eventual generalização de
expectativa que leva à constituição do estado de direito". O autor
demonstra que "a idéia de reciprocidade como fundamento do direito é
fascinantemente elaborada por Lon Fuller, The Morality of
Law, Yale University Press, New Haven, 1969".
Francis Imbert [04], observa que "o engajamento ético difere da obediência às
regras... Aristóteles, Ética a Nicômaco, observava que a pedra que se lança ao
ar não poderá contrair um novo hábito, oposto ao ‘hábito original’ (a queda);
pelo contrário, o homem poderá adquirir novos hábitos. A aquisição de hábitos,
eis precisamente o motor da ‘virtude moral’;... nenhuma das virtudes morais
surge naturalmente em nós... estamos predispostos naturalmente a adquiri-las
com a condição de aperfeiçoá-las pelo hábito". Diz Francis Imbert, que
"o educador e o legislador devem visar essa produção de hábitos. Daí, em
sua conclusão, a Ética a Nicômaco aborda o tema da importância das ‘leis’ (as
leis-códigos da sociedade) que fixam as regras da educação e, ao mesmo tempo,
presidem as ocupações dos cidadãos. ‘Temos necessidade de leis’ porque somente
por seu intermédio aqueles que obedecem à necessidade, em vez da razão, e aos
castigos mais do que à honra, são obrigados à aquisição desses bons hábitos."
Ainda segundo Francis Imbert, [05] mencionando o filósofo Paul Ricouer,
"a ética só é verdadeiramente assumida quando, à afirmação para si da
liberdade, acrescenta-se a vontade de que exista a liberdade do outro. Eu quero que exista atua liberdade."
Alberto J. G. Villamarín [06], ensina que "a educação precisa manter o equilíbrio, sempre
precário, entre os impulsos e os instintos, comandados por nossa parte
irracional, de um lado, e os desejos de organização, de unificação, de ordem e
de sentido, dirigidos por nossa parte racional. Se a parte racional dominar,
corremos o risco de nos transformarmos em máquinas insensíveis. Mas se o nosso
lado irracional imperar, o perigo consistirá em nos convertermos em animais
selvagens". Segundo este mesmo autor, "um dos estudiosos que mais tem
enfatizado a necessidade de oferecer às crianças um ambiente educacional
devidamente estruturado é Urie Bronfenbrenner, professor da Universidade de
Cornell, nos Estados Unidos".
Vislumbra-se que com o ambiente
educacional estruturado ocorrerá o aumento da imunidade psicológica frente às
adversidades do meio.
Haim Grunspun [07] trata da resiliência e nos ensina
que:
Resiliência é a capacidade humana de lidar, superar, aprender ou mesmo
ser transformado com a adversidade inevitável da vida. Ressalta que em um terço
das pessoas nas diferentes partes do mundo evidencia-se a resiliência, de forma
consistente, frente à adversidade. Todos nós temos esta capacidade, qualquer um
pode tornar-se resiliente. O desafio é encontrar o caminho para promover a
resiliência em indivíduos, em famílias, em escolas e em comunidades... A
resiliência é um termo emprestado da Física. Significa que uma barra submetida
a forças de distensão até o seu limite elástico máximo volta ao seu estado
original quando estas forças deixam de atuar; é uma força de resistência e de
recuperação...
Os padrões para o entendimento atual
do processo da resiliência se
fundamentam no modelo ecológico de Bronfenbrenner. O modelo insere a biologia
do homem num ecossistema da natureza, constituindo a ecologia do
Desenvolvimento Humano, que envolve o estudo científico da adaptação mútua
entre o ser humano, nas diferentes fases de crescimento, e o ambiente do
sistema em que vive, nas transformações recíprocas que aparecem.
O ser humano, segundo Bronfenbrenner,
em seu desenvolvimento, está inserido num sistema ecológico e mantém neste
sistema, diversos níveis de interação. Os níveis que demarcam esta interação
são o individual, o familiar e o comunitário, vinculados aos serviços sociais,
valores sociais e cultura, considerados como: microssistema,
mesosistema e exossistema.
Um microssistema é um padrão de
comportamentos de um indivíduo em seus relacionamentos interpessoais num
cenário com características físicas e materiais particularizados.
Um mesosistema compreende as
inter-relações entre dois ou mais cenários nos quais a pessoa em desenvolvimento
participa ativamente. Por exemplo, numa criança, as relações em casa, na
escola, na vizinhança.
Um exossitema refere-se a um ou a
vários cenários que não envolvem a pessoa em desenvolvimento enquanto
participante ativo, mas no qual ocorrem eventos que afetam ou são afetados pelo
que acontece no ambiente em que está a pessoa em desenvolvimento.
O microssistema,
mesosistema e exossistema se inserem na cultura como macrossistema acompanhados por qualquer sistema
de crenças, valores ou ideologias, constituindo o ecossistema.
Uma transição ecológica ocorre sempre
que o comportamento de uma pessoa inserida no ecossistema se altera como
resultado de uma mudança no papel, mudança física ou material no cenário, ou
ambos acontecem.
Sistemas biológicos, desde o nível
individual até o nível do ecossistema, estão sujeitos a vários estresses que
ameaçam sua estabilidade. A habilidade do sistema para resistir às ameaças,
mantendo sua estrutura e sua funcionalidade, é conhecida como resiliência...
Essa habilidade é semelhante ao
sistema imunológico dos humanos individualmente. Análoga à reação do corpo
humano diante da invasão de uma doença, o ecossistema enfrenta os ataques dos
estresses e precisa recobrar-se de seus efeitos patológicos. Se for incapaz de
se recuperar enquanto o estresse cresce, o ecossistema pode passar o limiar a
partir do qual as condições de declínio se tornam irreversíveis.
Eventualmente, a estrutura e a função
da comunidade da qual faz parte falham e o ecossistema entra em colapso. O
assustador da resiliência é que, por sua natureza, ela mascara o prejuízo até
muito próximo do limiar do colapso.
Com esse modelo, a avaliação da
resiliência é uma descoberta a posteriori, isto é, só quando
o indivíduo é resiliente é que podemos encontrar fatores que explicam sua
resiliência. O progresso se deu com Rutter que conceituou os fatores
protetores, idéia precursora que permitiu considerar a resiliência como um
processo dinâmico e possibilitou entender como a resiliência podia ser
promovida no desenvolvimento do ser humano.
A cidadania e a ética podem ser
observadas do ponto de vista relacional. Todo ser é indiscutivelmente um
sujeito relacional. O ideal de toda sociedade é a harmonia, a paz, a
tranqüilidade, enfim o "paraíso". Contudo é notadamente aceitável as
dificuldades para alcançar esses objetivos. É principalmente nas instituições
familiar e escolar que os indivíduos são apresentados às regras para que se
tornem homens bons. Pressupostamente sonhamos com instituições saudáveis
capazes de proteger os indivíduos. Torcemos para que as normas sejam
internalizadas a ponto de gerar freios internos e bom senso, e conseqüentemente
pessoas saudáveis, redundando numa sociedade equilibrada e justa onde cada
indivíduo seja ético, seja um cidadão.
Como vimos, a cidadania é um legado e
reflete a evolução da sociedade. Para sua real efetivação é necessário que o
homem desenvolva suas habilidades internas para adquirir bons hábitos, como
ressalta Aristóteles. Compreendemos então que é necessário dois entes, um
disposto a apreender e adquirir bons hábitos e o outro que chamaremos de
facilitador, aquele que irá instigar o desejo de aprender, apreender e adquirir
bons hábitos que certamente desembocarão na arte da cidadania. Contudo, não nos
parece tarefa fácil e para isso é mister que um terceiro elemento assegure o
resultado esperado. O Estado tem o dever de se fazer presente para regular e
garantir que todos se tornem cidadãos.
CAPÍTULO
4
O assédio moral não é privilégio de uma ou outra
sociedade, de uma ou outra instituição, seja familiar, escolar etc. O homem é
um ser relacional e onde ele está existe relacionamento. Assim sendo, nos
deparamos com as mais diversas atitudes, tanto positivas quanto negativas.
Atitudes na categoria negativa podemos denominar como sendo aquelas que
ofendem, humilham acarretando inúmeros prejuízos para a vítima, seja de ordem
moral, psíquica, orgânica, econômica e outras. Atitudes essas, entre outras,
que caracterizam o assédio moral.
O assédio moral não é algo novo mas a sua notoriedade se dá no
final do século XX. Desde então, várias são as legislações que protegem as
vítimas do assédio. Contudo podemos observar que são poucos os que ousam a se
declarar vítimas e lutar pelos seus direitos até mesmo pelo desconhecimento da
existência do assédio moral.
Dentre os segmentos da sociedade que mais tem se ocupado com o
tema está o setor do trabalho. O assédio moral no âmbito laboral tem sido
protegido por inúmeras legislações específicas deixando o trabalhador
instrumentalizado; motivado para se proteger e se defender. A divulgação do
tema é feita através dos sindicatos mediante
palestras e outros canais.
Por mais que tenhamos alargado as fontes de pesquisa encontramos
apenas uma bibliografia no Brasil com enfoque específico às Instituições de
Ensino: Dissertação de Mestrado de autoria de Henrique Carivaldo de Miranda
Neto no Centro Universitário do Triângulo, na cidade de Uberlândia realizada em
2002.
Marie-France Hirigoyen [19], elucida que "o meio educativo é um dos mais afetados
pelas práticas do assédio moral. Contudo, poucos estudos foram feitos a esse
respeito, com exceção do realizado em 1998 pela MGEN (Mutuelle généralle de l’Éducation
nationale)".
Henrique Carivaldo de Miranda Neto, [20] defendeu sua tese de mestrado em 2002 com o
título: Assédio Moral: Constrangimento e humilhação em Instituições de Educação
Superior. Partiu do pressuposto de que as Instituições de Educação Superior
(IES) constituem-se em ambiente de trabalho. Formulou a "hipótese de que
as IES, enquanto ambientes de trabalho são afetadas por situações violentas
presentes no contexto laboral, também são palco do assédio moral, onde
professores constrangem e humilham alunos, podendo deteriorar a relação
estabelecida entre ambos, no contexto pedagógico, influenciando negativamente o
desenvolvimento dos processos educacionais".
Foram entrevistados 1.132 alunos universitários e pedido a eles
que descrevessem situações constrangedoras e humilhantes por eles presenciadas
ou vivenciadas nas IES. O mestrando na época, pode constatar que o assédio
moral é real nas IES e que os alunos são vitimizados em sua auto-estima por
docentes que, usando da relação hierárquica, constrangem e humilham seus
alunos.
Jorge Forbes, [21] psicanalista,
cita a frase do escritor Michel de Montaigne, século XVI: "A covardia é a
mãe da crueldade" comparando o ato de assediar como um ato covarde.
"Define o assédio moral como o uso do constrangimento do outro em uma
disputa pessoal. Ele observa que o ato de diminuir propositadamente a liberdade
do outro, para obter um benefício particular, pode revelar algo mais sério: uma
espécie de satisfação sádica pessoal, o prazer de se sentir mais inteligente,
mais competente, mais rápido".
Segundo Jorge Forbes o modelo das relações se dava verticalmente
nas relações pessoais e corporativas e, agora, estamos diante de uma sociedade
horizontalmente organizada. A participação das pessoas é esperada e valorizada
o que difere de antigamente, onde as pessoas eram meras cumpridoras do dever
ou, no caso da educação, grifo nosso, receptoras do saber.
Forbes dá uma dica para solucionar questões provenientes do
assédio moral no setor empresarial e que nos parece apropriada para remetermos
às instituições de ensino: "Manter nas empresas a consciência de que
existe a possibilidade do assédio... É preciso nomear tudo, divulgar,
esclarecer, ver o que cada situação significa para um e para outro, porque a
subjetividade existe e foi liberada".
Forbes confirma quão antigo é o assédio, quando "cita um
trecho de Futuro de uma Ilusão, 1927, de Freud: ‘Se, porém, uma cultura não foi
além do ponto em que a satisfação de uma parte de seus participantes depende da
opressão da outra parte, parte essa talvez maior, é compreensível que as
pessoas assim oprimidas desenvolvam uma intensa hostilidade para com uma
cultura, cuja existência elas tornam possível pelo seu trabalho, mas de cuja
riqueza não possuem mais do que uma cota mínima. Não é preciso dizer que uma
civilização que deixa insatisfeito um número tão grande de seus participantes e
os impulsiona à revolta não tem nem merece a perspectiva de uma existência
duradoura’. Este é mais um indício, observa Forbes, de que as situações de
assédio moral são provocadas por características inerentes ao ser humano. E
que, por isso mesmo, requerem atenção redobrada por parte dos gestores de
pessoas".
Henrique Carivaldo de Miranda Neto, dá uma enorme contribuição
quando, a partir do resultado obtido, pôde categorizar e definir espécies de
assédio moral. Ele obteve 12 categorias: agressão física; agressão verbal aos
alunos; ameaças aos alunos; acusação agressiva e sem provas; assédio sexual;
comentários depreciativos, preconceituosos ou indecorosos; tratamento discriminatório
e excludente; rebaixamento da capacidade cognitiva dos alunos; desinteresse e
omissão; uso inadequado de instrumentos pedagógicos, prejudicando os alunos;
recusa em realizar seu trabalho e abandono do trabalho em sala de aula. Estas
categorias podem ser apreciadas de forma mais detalhada no final deste trabalho
(ANEXO 1).
Na conclusão do seu trabalho ele observa que, havendo ou não a
intenção do docente, a situação de constrangimento e humilhação ocorre e o
discente tem a sua dignidade atingida. Alerta para o fato que é "provável
que os docentes ao constranger e humilhar seus alunos estejam agindo por defesa
e, os discentes na posição de vítima, percebam estas atitudes como
ataque".
Jean Claude Filloux [22], diz que Durkheim, sociólogo interessado na educação, "compara o ato pedagógico a um
ato de colonização, e a relação entre o mestre e o aluno, a comparação na qual
um tem força, domínio sobre o outro, o poder sobre o outro; é ele quem menciona
a violência pedagógica.
Durkheim diz sobre a educação moral que: Todas as vezes que duas populações,
dois grupos de indivíduos, embora de cultura desigual, se encontram em contato
contínuo, alguns sentimentos se desenvolvem que faz com que o grupo mais culto,
ou que acredita ser o mais culto, tente violentar o outro".
Segundo ainda Jean Claude Filloux, "o exercício da função
pedagógica é um terreno propício ao que Durkhein chama mais uma vez de
megalomania escolar e de pedantismo, que considera como uma agressão...
Durkhein escreveu, dentre outros, três livros: Educação e Sociologia, A Evolução
Pedagógica na França e
a Educação Moral. Filloux
questiona se esses livros são mencionados na universidade ou na formação de
professores de ciências da educação. Lembra que foi justamente Durkheim quem
inventou esta origem da palavra ciência da educação: ‘Existe, portanto, nas
próprias condições da vida escolar algo que leva, que inclina à disciplina
violenta e enquanto não interferir com alguma força contrária consegue-se
perfeitamente que esta cláusula se torne cada vez mais atuante na medida em que
a escola se desenvolve em sua realeza’."
Há nas relações aspectos subjetivos e intersubjetivos que acabam
por nortear os relacionamentos. Não é tarefa fácil, muito bem sabem os
terapeutas, mas é necessário estarmos atentos para o fato de que eles existem.
Descobri-los pode significar esclarecer os próprios conflitos e a necessidade
muitas vezes fortuita de agredir ou humilhar o outro.
Conforme Ulisses F. Araújo [23], "um sujeito psicológico, é um sujeito de ‘carne e osso’
que é cada ser humano". Segundo ele, "é importante situar que nossa
maneira de ser, de agir, de pensar, de sentir, de valorar é resultante da
coordenação de vários sistemas (ou partes), que, na verdade, são subsistemas de
um sistema mais complexo que define nossa individualidade.... Ter essa visão de
totalidade nos ajuda a melhor compreender a realidade dos comportamentos
humanos, facilita nossas relações com o mundo e nos ajuda a construir uma visão
mais ampla da moralidade humana ao nos levar, por exemplo, a evitar
determinados tipos de preconceito contra formas diferentes de pensar, sentir e
agir das outras pessoas".
Nesse sentido Raymundo de Lima [24] descreve
sobre a questão do estigma. Diz que o "termo ‘estigma’ surgiu na Grécia
Antiga, para se referir aos sinais do corpo que os gregos interpretavam como
algo mau daquela pessoa. Assim negativamente marcada, a pessoa deveria ser
evitada, especialmente em lugares públicos. Estigmatizar é como colocar um
rótulo em alguém. No cotidiano escolar é estigmatizante e causa sofrimento
psíquico quando uma pessoa sente-se reduzida a: ‘retardo’, ‘escravo’, ‘carvão’,
‘ceguinho’, ‘zarolho’, ‘perna torta’, ‘dumbo’, etc.
Antigamente, ser filhos de pais divorciados era motivo de
discriminação. Usar óculos até hoje também pode ser motivo de discriminação,
assim como, gravidez na adolescência. Enfim, ser diferente ainda é alvo de
estigmatização por aqueles que se acham perfeitos.
Raymundo de Lima diz ainda que "se a escola ‘deixa’ esse
tipo de atitude estará ‘autorizando’ o desenvolvimento de cidadãos injustos,
superficiais e maus. A escola e universidade são instituições que supostamente
reinam a razão (logos), mas na prática é um espaço social
dominado pelas paixões, preconceitos, estereotipias e estigmas. Professores e
funcionários também sofrem. São vítimas de apelidos e exclusão, tanto pelos
alunos como pelos próprios colegas de trabalho. Os sinais mais freqüentes
acontecem através do olhar, do distanciamento do corpo, das palavras que visam
‘queimar’ socialmente a pessoa, geralmente feito em forma de cochicho, de meias
palavras, insinuações e, nos casos mais graves, através de atos de exclusão
camuflados hoje tipificados de assédio moral. A vítima não sabendo como reagir,
introjeta o estigma, terminando por achar-se merecedora da rejeição".
Raymundo de Lima [25] traz um
dado interessante e preocupante. "Recente investigação das causas dos atos
amoucos em que jovens cometeram assassinatos múltiplos em algumas escolas norte
americanas, divulgado no programa de TV ’60 minutos’ (2003), aponta a
estigmatização, a intimidação, a provocação, com um flagelo em todos os EUA e
acontecem diariamente nas escolas. Todos os dias mais de 100 mil crianças
deixam de ir à escola, por temor dessas ameaças. Após esse estudo, esses crimes
não mais são considerados produtos de psicóticos ou loucos. Suspeita-se que a
maioria dessas tragédias ‘absurdas’ naquele país é decorrente ‘dessa situação
infernal em que jovens são humilhados todos os dias e que decidem preferirem
matar ou morrer a serem provocados outra vez’."
Segundo Ilana Laterman [26], Debarbieux propõe, a partir da pesquisa que realizou nos
estabelecimentos escolares na França, "que o termo violência, tal como é
usado socialmente, não é suficiente para explicar o que ocorre dentro das
escolas. Para ele, o que leva ao clima de violência e insegurança na escola não
são necessariamente atos de violência em si, mas antes aqueles atos chamados de
incivilidades. Por incivilidade, entende Debarbieux, que é uma grande gama de
fatos indo da indelicadeza, má criação das crianças ao vandalismo... As
incivilidades mais inofensivas parecem ameaças contra a ordem estabelecida
transgredindo os códigos elementares da vida em sociedade, o código de boas
maneiras.... Não são então necessariamente comportamentos ilegais em seu
sentido jurídico mas infrações à ordem estabelecida, encontradas na vida
cotidiana".
Observou Ilana Laterman na sua pesquisa envolvendo duas escolas
públicas de 5ª. a 8ª. série em Florianópolis, SC, que "os estudantes
reconhecem manifestações de violência como comportamento entre alunos. Além das
ofensas e das brigas, brincadeiras muito agressivas, ameaças entre alunos,
humilhações e pequenos furtos. Os alunos explicam as causas das violências
principalmente a partir das particularidades dos colegas como a ignorância,
imaturidade, serem folgados. No olhar dos alunos existe a violência em seus
estabelecimentos. A violência caracterizada como de pouca intensidade, são
principalmente incivilidades e determinadas indisciplinas. Com menor
freqüência, existem também situações bastante tensas, especialmente no horário
de saída das aulas. As razões para estes acontecimentos, segundo os alunos,
relacionam-se com o modo de ser dos colegas e com fatores escolares como clima
da escola, relacionamento com professores, aulas, tipo de gestão".
A mesma autora declara que "viu nas escolas pesquisadas um
excesso de individualismo que não leva em conta o coletivo. Por exemplo: deu
vontade de dar a borracha para o colega na outra ponta da sala? Jogue a
borracha; Não estudou para a prova? Discuta com o professor; Cansou da aula?
Faça um passeio pela sala..."
"Há um abismo entre a proposta de uma sociedade baseada no
indivíduo e este caos das condutas sociais, estes comportamentos em que ‘cada
um faz o que lhe dá vontade’. O respeito ao indivíduo tem que existir, mas
também o respeito ao outro". [27]
Podemos apreender dos dados trazidos neste capítulo, quanto o
assédio moral está presente no ambiente educacional, ambiente este que deve ser
o garantidor dos direitos fundamentais assegurando o seu aprendizado e a sua
propagação. Fatores como o individualismo e o egoísmo ficam bastante
ressaltados. A violência se apresenta como uma manifestação dessas
características, não só em direção ao outro mas também em direção a si mesmo,
como nos relatos dos atos amoucos, onde os indivíduos matam e depois se
suicidam. Nesse sentido não podemos deixar de mencionar o tipo de sociedade que
estamos inseridos, uma sociedade capitalista onde a "lei do Gerson"
parece prevalecer e se afirmar evidenciando assim a brutalidade da exclusão.
Isso nos leva a crer que há uma necessidade real para
postularmos um cuidado maior do Estado com as instituições de ensino, não
objetivando a punição em si, mas o agir de forma preventiva visando garantir a
saúde da sociedade e o meio ambiente. O Art. 225 da Constituição Federal
estabelece que: "Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-
lo para as presentes e futuras gerações".
Não há como negar a preocupação do Estado com a educação. As
leis estão postas nesse sentido e não nos deixam mentir. Há toda uma
responsabilidade teórica e formal que é preservada e que nos é conhecida.
Excelentes currículos, o zelo em manter a disciplina pedagógica garantindo a
presença dos alunos na escola etc. Os slogans principalmente na época de eleições
políticas nos revelam esta preocupação: "educação para todos", por
exemplo. Contudo, parece escapar questões fundamentais que dizem respeito à
subjetividade que permeiam as relações e que se tornam cruciais para o desenvolvimento
adequado do indivíduo.
É importante ressaltar a escassez de material teórico e
pesquisas nesse sentido, o do assédio moral nas instituições de ensino.
Testemunhamos esse vazio durante o decorrer desse trabalho e travamos uma
concordância com Marie-France Hirigoyen e Margarida Barreto que reconhecem os
poucos estudos realizados nessa área [28].
Não nos parece que é a falta de interesse pelo tema, mas sim o
conhecimento precário dos direitos que nos tutelam.
CAPÍTULO
5
O assédio moral pode ocorrer no seio das instituições de ensino
de diversas maneiras, tanto nas relações entre professores e alunos quanto nas
relações entre alunos. Devido à carência de pesquisas específicas sobre o tema,
as classes de assédio moral identificadas neste trabalho são frutos de reflexão
e observação pessoal. A intenção é suscitar o aprofundamento dos estudos sobre
o tema num ambiente tão crítico à formação da sociedade.
ASSÉDIO
MORAL ENTRE PROFESSORES E ALUNOS
Este tipo de assédio é também chamado de assédio vertical,
devido à relação hierárquica estabelecida entre professores e alunos. Há dois
tipos de assédio vertical: assédio descendente, que se caracteriza quando o
assediador é o professor e a vítima é o aluno, e assédio ascendente, que se
caracteriza quando o assediador é o aluno e a vítima é o professor.
No assédio descendente observam-se práticas tais como alijamento
de atividades especiais, reprimendas repetitivas, críticas constantes ao
comportamento do aluno, critérios não eqüitativos de correções de trabalhos,
provas, discriminação étnica, religiosa, social, por origem, incluindo
discriminação contra estrangeiros ou alunos procedentes de outras regiões do
mesmo país, entre outras.
Dadas as características do assédio descendente, os agentes de
assédio podem não ser limitados a professores, mas podem englobar também a
direção da instituição de ensino bem como outros profissionais que trabalham na
instituição.
No assédio ascendente observam-se práticas tais como
desrespeito, sarcasmo, falta de atenção intencional, provocações, perturbações
da ordem na sala de aula e no ambiente escolar em geral, abuso em função do
poder econômico com ameaças à integridade física, entre outros.
QUALIFICAÇÃO
DO ASSÉDIO MORAL DESCENDENTE
A identificação do assédio moral descendente pode ser iniciada
por queixas explícitas das vítimas, tipicamente aos seus pais ou responsáveis.
Entretanto, o senso comum de que disciplina na escola é um aspecto importante
na educação leva
pais a não devotar à devida atenção as tais queixas, dispensando-as como
reclames improcedentes antes mesmo da devida diligência junto à instituição de
ensino. Desta maneira, a qualificação do assédio moral fica normalmente
prejudicada, perpetuando o problema até que conseqüências mais graves possam
ser observadas.
A qualificação do assédio moral descendente é tanto mais difícil
quanto menor for a faixa etária das vítimas. Tal dificuldade decorre não
somente pela negligência dos pais em considerar seriamente as queixas de seus
filhos, mas também pela timidez incutida nos alunos mais jovens como
conseqüência de uma formação educacional milenar de respeito aos mestres. É
também mais difícil a obtenção de testemunhos entre os demais alunos.
Não é, portanto, incomum que somente após a instalação de processo depressivo
nas suas crianças e recusas peremptórias em freqüentar as aulas que os pais
acordem para uma situação anormal e recorram à escola para explicações e
determinação de causas. Nestas situações o dano moral pode ficar claramente
qualificado, inclusive com auxílio de diagnósticos e prescrições de tratamentos
psicológicos especializados. Na busca pela qualificação do assédio moral
descendente, causador do dano moral instaurado, pais e dirigentes de ensino
podem se defrontar com as dificuldades supra-relacionadas.
Nesta situação interpõe-se uma importante questão que reveste de
modo diferenciado o assédio moral em instituições de ensino. Sendo assédio
moral fato gerador do dano moral (tese nossa), é plausível inferir a ocorrência
do assédio moral descendente a partir do dano moral qualificado. Em nossa
opinião, tal inferência pode e deve ser utilizada pela vítima ou seus
representantes como base suficiente para iniciação do processo de reclame de
reparação. Neste caso, o ônus da prova, ou mais especificamente, contraprova,
deve voltar-se para a instituição de ensino.
REPARAÇÃO
DE ASSÉDIO MORAL DESCENDENTE
Embora seja aceito no ordenamento jurídico que a reparação por
danos causados seja de natureza pecuniária, entendemos que nos casos de assédio
moral em instituições de ensino, tal prática pode não ser a mais efetiva e nem
tão pouco a desejada. Em que pese os custos inerentes ao tratamento das
conseqüências do dano moral decorrente do assédio moral descendente junto a
profissionais especializados, é mister considerar que a reintegração do aluno a
um tipo de convívio no seio da instituição de ensino pautado na normalidade de
relações humanas equilibradas pode ser de maior relevância. Assim, sendo de
interesse dos pais ou responsáveis da vítima, a escola deve ser incumbida de
levantar com clareza o(s) perpetrador(es) do assédio moral gerador do dano
qualificado e tomar providências para eliminá-lo (o assédio, bem entendido),
seja por forma de treinamento dos profissionais envolvidos ou até por ações
disciplinares mais significativas.
ASSÉDIO
MORAL ASCENDENTE
Inimaginável há um tempo atrás, devido à aura que cobria a
figura do mestre, o assédio moral ascendente torna-se mais e mais presente hoje
em dia. Além do dano moral que provoca no professor ou no servidor da
instituição de ensino, o assédio moral ascendente pode desestabilizar a ordem
mínima para o exercício de uma atividade educacional efetiva, principalmente no
ambiente da sala de aula.
O assédio moral ascendente compartilha características comuns a
outras manifestações congêneres. Entretanto dois aspectos chamam atenção: o das
ameaças à integridade física e o do abuso de poder econômico.
A violência urbana tem se tornado uma presença constante no
cotidiano da maioria da população brasileira. Associada a uma postura
equivocada de que o mundo é regido pela lei do mais forte, a violência
influencia particularmente o comportamento dos jovens, que passam a recorrer a
ela como forma de resolver conflitos naturais do convívio social. Como
agravante, constatamos a disseminação de uma postura de violência em grupos de
jovens, modificando hábitos e aparências. Professores assediados moralmente
podem sentir-se alvo de ameaças à integridade física por parte de alunos ou
grupo de alunos. Uma condição que inibe o pleno exercício do magistério.
As desigualdades sociais também têm cobrado seu preço na
deterioração dos ambientes educacionais. Com a compressão do nível de
remuneração do magistério em geral, o professor torna-se cada vez mais
suscetível ao assédio moral baseado em abuso de poder econômico por parte dos
alunos. São cada vez mais freqüentes expressões proferidas por alunos ofensores,
tais como: "Você é meu empregado...", "Eu pago esta escola e
espero que você faça o que eu quero", ou ainda, "Meu pai vai garantir
que você seja demitido".
Neste sentido, o assédio moral pressiona não somente o
professor, mas perturba todo o ambiente na medida em que inibe o pleno
exercício do magistério e afeta os demais alunos, promovendo constrangimento
generalizado.
QUALIFICAÇÃO
DO ASSÉDIO MORAL ASCENDENTE
A identificação do assédio moral ascendente pode a princípio
parecer mais fácil na medida em que é esperado que um professor ou servidor
maduro reporte a situação à direção da escola. Entretanto vários fatores podem
inibir a vítima prolongando o assédio e agravando o dano e impacto no meio,
tais como: ligações concretas do assediante com membros da direção da escola e
vinculação do mesmo com grupos organizados violentos (as chamadas gangs) que estendam o
assédio para ambientes fora da escola.
É, portanto, de vital importância que a instituição de ensino
mantenha-se em constante vigilância para identificar casos de assédio moral
ascendente e agir para reprimi-lo e repará-lo.
REPARAÇÃO
DE ASSÉDIO MORAL ASCENDENTE
A reparação do assédio moral ascendente precisa se dar em dois
âmbitos. O primeiro diz respeito à vítima do assédio, mais especificamente o professor
ou servidor assediado. O segundo relacionado com o restabelecimento da ordem e
da tranqüilidade no seio da instituição. A instituição de ensino pode e deve
ser agente primeira da reparação através de ações concretas junto aos
envolvidos, não devendo ser tímida na aplicação de medidas disciplinares
segundo o código escolar vigente. Para os casos de ameaça à integridade física,
a instituição pode e deve lançar mão dos recursos de segurança pública
disponíveis, se necessário for. É importante ressalvar a dimensão do
contraditório para que ocorra a justiça.
Ressalve-se que a falta de regras e códigos de conduta sobre
tais ações de reparação representam um obstáculo a mais para a manutenção de um
ambiente de ensino equilibrado e saudável.
ASSÉDIO
MORAL ENTRE ALUNOS
Este tipo de assédio reveste-se de características semelhantes
às mencionadas no assédio moral ascendente e comunga as mesmas dificuldades de
qualificação do assédio moral descendente. Casos mais graves podem envolver uma
vítima e vários agressores agrupados em uma gang.
Neste caso, vigilância constante da instituição de ensino é fundamental para
uma célere qualificação do assédio moral.
ASSÉDIO
MORAL DOLOSO E CULPOSO
Pode se inferir que sendo o assédio moral fruto de ação
repetitiva e intencional, necessariamente se dá por dolo. E bem pode ser assim
em boa parte dos casos. Entretanto, podem-se conceber casos onde professores
bem intencionados, mas de disciplina rígida e estrita, imponham a determinados
alunos reprovações e punições constantes a ponto de produzir por parte do aluno
uma rejeição ao ambiente escolar, qualificando o dano moral. Tais situações são
tão mais prováveis quanto menor for o alinhamento do aluno ao comportamento ou
desempenho esperado pela escola. Num passado não distante, alunos portadores de
deficiência de atenção eram alvos freqüentes de tais tipos de condutas
"educadoras" por parte de seus professores. Nestes casos, o assédio
moral pode ser qualificado ou inferido dadas as característica básicas de
repetitividade e intencionalidade. Contudo, há que se considerar a perspectiva
do professor, quando manifesta agir em boa fé, e qualificar este tipo de
assédio moral como culposo.
No leque de ações de reparação, claramente inclui-se o
treinamento dos profissionais de ensino e a montagem de estruturas de apoio
para alunos que não se alinhem com o padrão esperado da escola. Garantir o
"direito à educação" é também cuidar que professores e servidores
estejam equipados, pedagógica e emocionalmente para transformar os outrora
"alunos problemáticos" em alunos plenos, felizes e produtivos.
"https://jus.com.br/artigos/12396/assedio-moral-nas-instituicoes-de-ensino"
GALLINDO, Lidia Pereira. Assédio moral nas instituições de ensino. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2070, 2 mar. 2009. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/12396>. Acesso em: 13 out. 2016.
Janaina Ramos Euzébio 14212080438
Luciano dos Santos Cardoso 14112080445
Miria Gonçalves e Silva 14212080169
Concordo que o assédio moral está diretamente ligado à ética. Muitas situações constrangedoras e humilhantes poderiam ser evitadas se as pessoas tivessem mais respeito pelo seu próximo.
ResponderExcluirPor: Patrícia Pereira Nascimento Triles
Vejo nesse tema a grande importância sobre o ensino de gestão para se ter uma base norteadora para um trabalho em equipe. Infelizmente muitas pessoas assumem esse cargo com uma visão de poder e não de unidade. Não quero dizer que o assédio surge somente do gestor ou por causa dele mas quer ressaltar a importância de criar um ambiente ético.
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